Academia Nacional de Medicina debate "beleza e feiura"

Acadêmicos, médicos e estudantes de medicina discutiram tema após palestra

Jornal do Brasil
A dualidade entre a beleza e a feiura foi tema de um profundo e instigante debate na quinta-feira (10), na Academia Nacional de Medicina. O tema médico-filosófico foi abordado na palestra “A Beleza e a Feiura: o que há de objetivo quando se analisa o subjetivo”, proferida pelo Acadêmico Ricardo Lopes da Cruz.
Em seguida, houve um amplo e concorrido debate de mais de uma hora, coordenado pelo Presidente Francisco Sampaio. A questão foi abordada por mais de 150 pessoas, entre psiquiatras, neurologistas, cirurgiões plásticos, anatomistas, além de especialidades em outras áreas e alunos dos 5º e 6º anos de Medicina. 
Confira os pontos mais importantes do debate:
Afrodite, sec. II d.C., Museu de Atenas
Afrodite, sec. II d.C., Museu de Atenas
A leitura da beleza, assim como da denominada feiura, pode ser realizada através de critérios objetivos e subjetivos.
A beleza pode ser analisada através de questões históricas, normas sociais de padrão vigentes, padrões ditos cerebrais (a beleza matemática) e também fatores inconscientes e instintivos na denominada “subjetividade do gosto pessoal”.
Torna-se desafiante, entretanto, a ideia defendida desde a Grécia antiga de que “aquilo que é belo é amado; o que belo não é, não é amado” (Teógnis – século VI a.C.)
A mitologia greco-romana apresenta Apolo como o Deus da Beleza; e Afrodite (mitologia grega) ou Vênus (mitologia romana) como a Deusa da Beleza, no início de uma história antiga que destaca figuras como o Davi de Michelangelo ou o belo clássico de Augusto de Prima Porta.
Ao longo da história, questões sociais, raciais, culturais e políticas foram surgindo, bem como a convicção de que os padrões estéticos sempre seguem proporções matemáticas como as apresentadas por Da Vinci, Fibonacci e mais recentemente Marcquardt.
Os mitos de Pigmalião e de Narciso tornaram-se, da mesma forma, objeto de grande interesse na análise psicológica da cultura ao belo.
A feiura também foi destacada em obras de Da Vinci e reforçada por artistas como Matsys, Della Porta, Caravaggio e Bernini; porém foi sempre questionada no aforisma popular que diz que “a beleza está nos olhos de quem a vê”.
A verdade é que mocinhos e vilões, de maneira geral, insistem em estereotipar a beleza e a feiura nas histórias em quadrinhos e nos filmes que assistimos através das várias gerações.
Artistas mais contemporâneos como Lucien Freud (e sua Big Sue), Piccinini e Mansky colocaram a estética da feiura à prova com sua arte apreciada por muitos.
Poetas e escritores escreveram sobre a feiuúra de forma instigante, traçando paralelos sob vários ângulos como o poder; os interesses escusos; o ridículo; e até mesmo com a velhice, mas é Mário Quintana que estabelece um questionamento fundamental, que diz respeito ao real valor de “se prender a vida em conceitos e normas”.
Se a beleza e a feiura tratam na verdade, tão somente da aparência do ser humano, não resta dúvida de que, nos dias de hoje, é a essência do homem, seu caráter e seus preceitos de moral e ética, que podem salvar a humanidade.

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