Descanse em paz
Algo estava errado. Não tenho o hábito de perder o sono durante a noite, ficar insone. Pois foi isso
que me aconteceu nesta madrugada. Levantei as 3:00 horas da manhã, perambulei
por dentro de casa, fiz o café da manhã, pus a mesa e em seguida como não tinha
sono aproveitei para ligar a bomba d’água
e comecei a lavar o meu carro e depois ainda inventei de irrigar as
plantas aqui de casa.
Sem sono, o tempo custava a passar, resolvi ligar o
celular, foi quando vi as ligações da jornalista Glória Silva. Retornei a
ligação e assim fiquei sabendo do falecimento do Roberto Moura.
Fiquei estarrecido com a notícia. Afinal pelo que eu saiba o
Moura esbanjava saúde fazendo seus
exames periódicamente e sendo bastante atento as recomendações médicas. Era um
cidadão que fazia exercícios físicos, tinha cuidado com a hipertensão arterial,
enfim, era sempre antenado a essas
alterações que qualquer homem de meia idade começa a ter.
Hoje, depois de 11 anos apresentando o Gazeta Alerta,
confesso que tive imensas dificuldades para chegar até o final do programa. É
duro relatar a morte de uma pessoa que você conhece, que visita, que conversa e
que mantinha uma relação de respeito profissional e amizade.
Sempre mantivemos uma relação respeitosa. Sem nenhum
conflito.
Apenas uma vez por mês eu me dirigia até a Recol para
conversar com ele e saber das novidades. O Moura era uma fonte inesgotável de
assuntos de política, negócios etc. Sabia mais dos bastidores da política
acriana do que muita gente e muitas vezes chegava a palpitar sobre vitórias e
derrotas na seara da política.
Nossa última conversa aconteceu a cerca de uma semana. Ele
dizia que iria mandar fazer uma pesquisa ampla sobre tudo e todos para saber
quem era quem no campo da política. Era um visionário. Não guardava mágoa das
críticas que recebia, mas se chateava muitas das vezes.
O momento é de dor, de comoção, de luto.
Hoje na TV o quadro era desalentador mais tínhamos que levar
a informação, a notícia do falecimento do Roberto. Logo pela manhã, meu colega
Alan Rick foi o apresentador escalado para ser o âncora e segurar a programação
direto do estúdio.
Agora, como não demonstrar emoção falando de um cidadão que
você conhece e convivia. Em cima da mesa do estúdio, onde o Alan se encontrava
sentado vi um lenço de papel onde a cada intervalo ele enxugava as lágrimas que
vertiam dos seus olhos.
Ao meio-dia assumi o Gazeta Alerta. Foi grande o impacto, a
emoção. Ficou evidente que embarguei a voz, a garganta se estreitou e quase não
consigo fazer a leitura ou improvisar na apresentação. Aquilo que a gente tanto
fala que o profissional deve se manter com a frieza de uma geleira, longe das
emoções que vá as favas. Me emocionei e
foi difícil conduzir o programa até o final, mas cumpri a missão.
Só resta dizer: Obrigado chefia! A sua morte ocorreu de forma
sorrateira e sem alarde. Bem do jeito que você gostava de ser. Não gostava de
ser fotografado, filmado ser entrevistado ou qualquer coisa que o valha.
Você deixa um vácuo no empresariado desta terra. Você nos
pregou uma boa peça.
Que Deus em sua imensa sabedoria dê o conforto espiritual a
sua família. Esposa, filhos, genros, noras, netos, funcionários de suas
empresas, enfim a todos que estiveram neste plano terreno ao seu lado.
Que o Grande Arquiteto do Universo reserve um bom lugar para
você e que lhe dê as honrarias que você
bem merece.
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